domingo, 25 de dezembro de 2011

Miguel Nicolás dispersado a Zaragoza


As instituiçons penitenciárias espanholas continuam castigando sem piedade a luita obreira. Miguel foi novamente dispersado,agora muito mais longe do seu país. Após passar por Santander e Huesca finalmente foi encarcerado no CP Zuera de Zaragoza.

CSAMT denuncia esta nova violaçom dos direitos humanos por parte do Estado espanhol. Miguel leva va mais de um mês em regime de isolamento para recuperar as suas condçons de habitablidade na prisom de Villabona. Perante a persistência na sua justa luita foi transferido para Aragom.
O seu novo endereço é:

CP. Zuera, Zaragoza (Aragón)
Autovía A-23 km 328, 50800
Módulo 10

sábado, 24 de dezembro de 2011

Carta de Miguel Nicolás ao CSAMT

Companheiras e companheiros,

Antes de começar, quero transmitir o meu mais sincero apoio, respeito e solidariedade com as últimas pessoas detidas, acusadas de quebrantar a mal chamada paz social com a que o Estado Espanhol reprime e atenta reiteradamente contra a nossa Galiza; espoliando-a, aculturizando-a, negando-lhe o direito a exercer a sua própria soberania, enquanto somos dessangrad@s no desemprego, na precariedade e na miséria como classe e povo trabalhador.

Quero expressar, tanto a elas como a todas e todos as obreir@s e patriotas galeg@s, que passárom ou se encontram neste lado dos muros, a minha profunda admiraçom, respeito e agradecimento, tanto pola sua entrega, como polo orgulho e a dignidade com que nos representam como naçom e classe trabalhadora.
Todas e todos som @s "bons e generosos" do hino da nossa pátria, o brilhar da nossa estrela, os resplendores que nas madrugadas nom deixam que o sonho de umha Galiza ceive e socialista esmoreça, fazendo do "denantes mortos que escravos" de Castelao umha atitude própria da nossa idiossincrasia, em lugar de umha mera palavra de ordem.

A todas e todos el@s, devemos honrar e arroupar com toda a força do nosso apoio, apreço, respeito e solidariedade, ante estas duras e injustas circunstáncias que padecêrom ou que atravessam, por terem luitado digna e conseqüentemente, na defesa de todas as galegas e galegos, na procura de umha Galiza ceive, antipatriarcal e socialista que nos faga livres como classe e como naçom.

Depende da mocidade, dos desempregados e desempregadas, das precárias e precários, de todas e todos nós, assim como das vítimas de toda a injustiça social e de género, que o seu exemplo, longe de ser sufocado ou reduzido a factos isolados, radicais ou minoritários, logre expandir-se e reavivar-se na identidade de umha Galiza alçada, mais desperta, mais unida, mais organizada e combativa, decidida a dar queda a este sistema de miséria e de escravidom. Tomemos as rédeas do nosso futuro fora de umha Espanha que só nos degrada e denega sermos quem somos.

A luita é o único caminho, assim como resistir e vencer, única atitude capaz de levar-nos até a vitória.
Quero agradecer todo o apoio e solidariedade das organizaçons e coletivos, assim como de cada pessoa que, independentemente das siglas, levais apoiando-nos e arroupando-nos, com todo o agarimo, ánimo e alento, do qual se leva nutrindo a fortaleza com a qual, nos dias de hoje, Telmo mais eu continuamos em pé, emocionados, agradecidos e orgulhosos da classe e naçom à qual pertencemos, e polas quais tanto dentro como fora destes muros, o nosso punho continua e continuará em alto. Muito obrigado a todos e todas.

Aproveito também para agradecer especialmente à CUT, porque apesar de nom ter nada a ver com as acusaçons mediante as quais este autoritário Estado democrático burguês nos mantém seqüestrados, a Telmo e a mim, mostrárom um companheirismo e solidariedade exemplar; sem medo às represálias e conseqüências que isso podia implicar, fazendo da praxe desta central sindical um sinónimo de coerência, enquanto à CIG nom lhe faltou tempo para nos condenar.

À sua vez, expressar a grande deceçom que depois supujo ver como essa praxe inicial foi derivando num rumo descaradamente hipócrita no qual, se a CUT realizasse um objetivo e sincero exercício de autocrítica tanto por parte da sua direçom, como da Executiva Nacional, deveriam sentir vergonha.

Após a ineficácia e incompetência mostrada pola defesa laboralista oferecida pola CUT, que só contribuiu para um progressivo agravamento da nossa situaçom, sendo a passividade, ou mesmo a indiferença, a resposta oferecida polos advogados deste sindicato tam coerente e combativo, ante a vulneraçom reiterada dos nossos direitos mais básicos, como o direito a nos comunicar com as nossas amizades.

Fartos de padecer esta inoperáncia, e plenamente conscientes do que supom encontrarmo-nos na cadeia, quer dizer, entre muros e nom sob um ERE nem um despedimento improcedente, eu e mais Telmo decidimos mudar para umha defesa penalista, que no mínimo sim leva demonstrado um profissionalismo e seriedade das quais a anterior carecia.

Esta decisom supujo umha acusaçom de indisciplina e deslealdade por parte da nossa central sindical, embora nas suas recentes publicaçons mostrem um número de conta, junto aos endereços das nossas respetivas prisons.

Após umha queda do companheirismo e solidariedade dirigido à sua filiaçom e militáncia, há que dizer que desde a mudança da nossa defesa no mês de junho, nom temos recebido, no mínimo eu, nem um cêntimo dessa conta nem umhas linhas ou qualquer indício de preocupaçom pola nossa situaçom por parte da direçom nacional da CUT.

Tam só a resoluçom posteriormente ampliada, da Executiva Nacional, facilitada polos camaradas que nunca deixárom de se preocupar e mobilizar, à margem da Central. Nessa resoluçom assentam as bases com as quais justificar a nossa purga, no caso de sermos condenados polo mesmo Estado e sistema que a própria Central di combater.

No dia de hoje há um ano que fum detido, acusado de incendiar um INEM, no qual, polos vistos apenas se queimárom um computador, umha mesa, e com um pouco de sorte algumha cadeira, numha época em que as cifras do desemprego atingiam o recorde de famílias obreiras afogando na pobreza na nossa Galiza.

No entanto, o Estado espanhol, nom conforme com isso, semanas antes da minha detençom, assim como três meses antes da de Telmo, ameaça com cortar ou mesmo arrebatar as migalhas dos 420€ com que grande parte da nossa classe obreira tentava subsistir, após levar um ano ou mais privada do direito ao trabalho.

Esse mesmo Estado atreve-se ainda a chamar-nos terroristas, continua a manter-nos presos e sem julgamento, privados tanto de liberdade como de presunçom de inocência, enquanto com a aplicaçom de um ilegítimo regime FIES, atenta contra a nossa intimidade e contra os nossos familiares e pessoas mais queridas, intervindo as comunicaçons e aplicando a dispersom para tentar desmoralizar a nossa gente, já que connosco nom pode, nem poderá.

Um ano depois, obreiros e obreiras seguem abarrotando as oficinas do INEM, e as filas dos comedores de beneficência; as reformas, a privatizaçom, todo quanto vai acontecendo, está pedindo a berros a resposta de todos e todas nós, como classe e naçom oprimidas.

A necessidade de defendermos tem mudado, a realidade obriga-nos a atacar com unidade, organizaçom e contundência.

Desde este lado dos muros que junto a Telmo e a mim, tantos presos e presas encontramos ou passárom, acusad@s de luitar por mudar este estado de cousas tam agónico e degradante, dizemos que a cadeia nom deve amedrontar-nos. Mais tenebroso se avizinha o futuro se nom luitarmos, nós, continuamos em pé, mais fortes, mais formados, reconfortados, aliviados e agradecidos por toda a solidariedade com a qual nos agarimais de fora, com o vosso apoio e companheirismo.

Somente quero pedir, mais umha vez, que a maior repressom maior resposta, que a luita continue, que enquanto a luz nos siga sendo negada, que o fumo siga a abrir o céu.

Obrigado a todos e a todas. Resistir e vencer.

15 de dezembro em 2011
Módulo de Isolamento
Centro Penitenciário de Villabona (Astúrias)

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Vigo acolheu mobilizaçom em prol da liberdade de Miguel Nicolás


Coincidindo com um ano de prisom do camarada Miguel CSAMT realizou concentraçom solidária. Diante do Mercado do bairro viguês do Calvário, quinta-feira 15 de dezembro, dúzias de camaradas e amizades despregárom duas faixas para denunciar situaçom de Miguel e reclamar a sua imediata liberdade.

Os gritos de "Telmo, Miguel liberdade", "Nom pode ser obreiros na cadeia corruptos no poder", “Presos à rua, a luita continua", "Contra Espanha, contra o Capital, luita obreira, luita nacional", "A luita obreira nom é delito", “O capitalismo é o terrorismo”, nom se ouvírom na prisom asturiana de Villabona mas sim manifestárom a firma decsiom de nom cesar nesta reclamaçom até lograrmos que Miguel e Telmo voltem connosco a sua Pátria.


David Pichel em nome do CSAMT lembrou que Miguel e Telmo levam presos um ano e nove meses respetivamente polo único delito de ser sindicalistas consequentes.

Posteriormente Rebeca Bravo interviu manifestando que "Estamos hoje aqui reunidas umha parte do conjunto de pessoas, que vimos participando de jeito ativo na solidariedade com Miguel Nicolás e Telmo Varela", acrescentando que Nom podemos deixar de admirar a sua continua reivindicaçom dos direitos mais básicos, as suas mostras de enteireza e ánimo, e o seu esforço diário perante as duras condiçons que lhes impom o sistema penitenciário espanhol, agravadas no seu caso pola sua classificaçom como presos políticos".

Rebeca Bravo também denunciou que "Somos conhecedoras dos arbitrários translados e a política de dispersom a que se tenhem de adaptar: neste ano de prisom o Miguel passou por nada menos que 8 módulos penitenciários em dous centros, o atual a mais de 400 km da sua casa. Telmo nom correu melhor sorte, sendo este o seu terceiro centro penitenciário, a umha distáncia similar".


No seu discurso destacou que ambos camaradas "Falam-nos das miseráveis condiçons de habitabilidade: Miguel encontra-se neste momento no pior estado penitenciário, em regime de isolamento, incomunicado e com um espaço vital ínfimo, e Telmo no centro salmantino, tivo de adicar dias na limpeza dumha cela infestada de merda".

"Somos com eles dous, vitimas dos esforços carcerários por isolá-los: Miguel atualmente continua com as comunicaçons intervidas e restringidas, afectando-lhe este facto considerávelmente na sua relaçom com o exterior, Telmo logrou plena liberdade nas comunicaçons e nós alegramo-nos enormemente por esta vitória, ainda que ignoremos o destino de toda a sua correspondência censurada nos meses anteriores".


Porque lhes estám a fazer isto? Porque nos estam a fazer isto? Por que os meios de comunicaçom burgueses nom cesam de manipular, criando umha opiniom pública contrária a quem somente fixo por defendermos na sua trajectória sindical?".

O Poder ferreo responde: levam um ano e nove meses sendo tratados como bestas, por atirar umha garrafa de vidro incendiária num edificio público, que horas depois, funcionava com absoluta normalidade. Esta duríssima acusaçom, agrava-se pola de tenência de substáncias completamente legais, sem qualquer prova documental da sua pertença ou utilizaçom ilícita. Já veremos que dam provado quando determinem quando devem ser julgados!




E continua a falar o Poder (tenhem os meios, tenhem o Capital): “todos somos iguais ante a lei”. E espetam-nos a diário casos de corrupçom, roubando nas arcas públicas somas que superam em milhons de euros o presunto dano polo que tenhem presos a Miguel e Telmo, com o agravante para os corruptos (reais e plebeios) do seu miserável lucro pessoal.


Cada quem que tire as suas conclussons sobre de que lado tem de estar.


Apelamos à implicaçom de todos os agentes sociais e pessoas que se autodenominem democratas, para finalizar com esta clara mostra de força do Poder atual que tem como objetivo aniquilar qualquer movimento, qualquer açom em defesa do Povo Trabalhador Galego".

Finalmente Rebeca Bravo afirmou que "do CSAMT continuaremos organizando e participando da solidariedade com Miguel e Telmo, até o dia que os tenhamos de novo junto a nós".


quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

365 dias preso por defender a classe obreira

Miguel liberdade

Miguel Nicolás Aparício leva um ano preso. Foi detido na sua casa de Vigo em 15 de dezembro de 2010. Após estar na prisom da Lama, foi dispersado longe do seu País. Atualmente está encarcerado na prisom asturiana de Villabona.

Miguel é um jovem viguês, operário do naval, que participou ativamente nas luitas do proletariado metalúrgico de posiçons combativas e nom pactistas, nas greves gerais contra as reformais laborais, na defesa da sanidade pública, contra as privatizaçons.

Com a sua detençom -como com a realizada posteriormente no mês de março a Telmo Varela, o Estado espanhol pretendeu bater a capacidade de resistência e combate do proletariado viguês.

Mas a prisom de ambos os sindicalistas nom se sustenta. A condena “mediática” e as acusaçons da Fiscalia apoiam-se em falsas provas que serám desmontadas no juízo ainda sem datar, mas que provavelmente se celebrará nos inícios da vindoura primavera.

As detençons da denominada Operaçom Codeso tenhem umha finalidade claramente política. Daí que tanto a Miguel como a Telmo nom se lhes conceda a liberdade condicional.

Em regime de isolamento
Miguel atualmente está em regime de isolamento, castigado por defender a sua dignidade como preso.

A começos de outubro trocárom de módulo a Miguel. As suas condiçons de habitabilidade na prisom de Villabona empiorárom significativamente, chegando ao extremo de ser insuportável a sua estadia na cela designada do módulo 6 por ter que ser compartilhada.

Pola primeira vez nestes mais de 10 meses de prisom, viu-se literalmente negado à simples leitura de um livro, ao tempo de descanso ou a poder escrever, polo contínuo e alto volume da TV ou das emissoras da rádio. Numha cela minúscula onde os dous presos nom colhiam ao mesmo tempo em pé, a cobertura de necessidades básicas, como ir ao banho ou tomar um duche, fôrom restringidas a ridículos horários de respeito, pola banda do que vem de “novo”.

Eis as razons polas quais Miguel se viu na obriga de exigir o seu direito a umha cela individual. Perante a negativa do Chefe de Serviço de conceder-lha, adotou a determinaçom de nom voltar entrar nessa cela.
Por este comportamento, nestes momentos ainda se encontra no módulo de isolamento.

Reforçar a solidariedade
Miguel e Telmo nunca se resignárom nem se conformárom a viverem como escrav@s. Fam parte do melhor proletariado galego. Som pois um exemplo a seguir.
Reclamar a sua imediata liberdade é um dever de toda trabalhadora e todo trabalhador.

O Comité de Solidariedade e Apoio a Miguel e Telmo (CSAMT) apela ao conjunto do povo trabalhador a secundar ativamente todas aquelas iniciativas solidárias com Miguel e Telmo. Apoiar economicamente os dous camaradas presos, enviar mensagens de apoio e ánimo.

Do CSAMT enviamos o nosso apoio e ánimo a quem nom tolera adaptar-se às misérias do regime penitenciário espanhol.

Nom pode ser, obreiros na cadeia, corruptos no poder!!
Presos à rua, a luita continua!
O capitalismo é o terrorismo!

Galiza, 15 de dezembro de 2011


Apoio económico: La Caixa 2100-2304-92-0101136176

Miguel Nicolás Aparício
C.P. Villabona-Módulo 6
Finca de Tabladiello s/n
33.271 Xixon · Astúrias

Telmo Varela Fernández
C.P. Topas-Módulo 2
Carretera Local N-630, Km 313.4
37.799 Topas · Salamanca

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sábado, 10 de dezembro de 2011

Para onde vamos?

Telmo Varela

O desemprego na nossa oprimida Galiza incrementou de forma alarmante, no ano 2010 fôrom 20.000 desempregadas e desempregados mais que o ano anterior.

Este ano que entramos, com todas as reformas em marcha e com todos os planos de ajustamento do novo governo de Marianito, prevê-se um maior incremento do desemprego e um pioramento das nossas condiçons de vida.

Os salários som cada vez mais baixos, porque os empresários se aproveitam da crise para conseguir maiores lucros, imponhem salários reduzidos e precarizam as condiçons de trabalho. Menos salários, menos investimentos e mais lucros.

Como lhes parecem poucos cortes, poucos apertos de porca, anunciam mais, para suprimir, sem mais nem menos, a negociaçom coletiva, o direito a greve, o direito a opinar e organizar-se, a erguer a cabeça, para tornar mais chao o caminho do patronato.

Todas as reformas e todos os ajustamentos fôrom e vam encaminhados a facilitar melhores condiçons ao patronato, enquanto os que produzimos riqueza apertamos o cinto mais e mais.

É indubitável que estas novas reformas e novos ajustamentos, do novo governo, suporám um novo ataque aos nossos direitos, entre eles a negociaçom coletiva, ao quadro próprio das nossas negociaçons: suprimirá, limitará ou condicionará os nossos convénios. Querem centralizar em Madrid as negociaçons coletivas porque contam com o servilismo de CCOO e UGT que assinam todo quanto lhe botem. Os sindicatos nacionalistas deverám redobrar esforços para fazer frente a este novo despropósito.

Chegou o momento de luitar a favor de um modelo social que tenha em conta as necessidades da classe obreira, modelo baseado numha distribuiçom mais equitativa da riqueza, o qual só pode ser o socialismo. Frente a um patronato que quer impor as suas regras de jogo para ganhar, sempre para ganhar, considero que as greves e as mobilizaçons devem ser os instrumentos para ir avançando na conquista dos nossos direitos.

Porém, som as greves e as manifestaçons, em definitivo, e no fragor da luita onde a classe obreira toma consciência e saem os melhores lideres naturais do movimento obreiro. Quando há luita, a classe obreira organiza-se e forma-se e, ao mesmo tempo, acumula forças para melhorar a correlaçom de forças e, posteriormente, confrontar-nos ao patronato em melhores condiçons.

Perante um patronato totalmente crescido que quer aproveitar o contexto de crise para introduzir retrocessos nos direitos atingidos durante os últimos anos, a negociaçom coletiva deve seguir sendo um instrumento para impedir que fagam o que pretendem e nos cortem ainda mais os nossos direitos.

O governo imperialista espanhol, desde o momento mesmo da sua investidura, tomou balanço nos cortes dos nossos direitos que vai ser difícil frear. Baixou os salários dos funcionários públicos, quer impor as reformas laborais por decretaço, o copagamento na sanidade, fomentar o ensino privado em detrimento do público, todo isso, afirmam, para afrontar a crise que os bancos gerárom, a casta política e os especuladores bolsistas, e que agora fam que a paguemos os que menos culpa temos.

Porém, este governo servil lacaio dos monopólios, nom vai a fazer nada, absolutamente nada, para combater a fraude fiscal, que no Estado espanhol se situa a volta de 23% do PIB (10 pontos por cima da média europeia) e pola qual se perdem milhares de milhons de euros. Fraude que repercute em mais e maiores impostos para os de sempre, as trabalhadoras e trabalhadores.

Nom vam fazer nada para que a Banca devolva ao erário público os milhares de milhons de euros que o anterior governo entregou de todas e todos nós para aumentar ainda mais os lucros dos seus acionistas e diretivos; em vez de facilitar o crédito às famílias e às empresas, erradicar as comissons polos serviços bancários e que deixem de cobrar aos clientes mais humildes 30€ cada vez que a sua minguada conta fique sem saldo.

Cousa que acontece cada primeiro de mês, quando lhe cargam as faturas da compra, comunidade, telefonia, hipotecas, et cétera, e ainda nom nos pagárom a nómina.

Que ponha couto aos políticos corruptos, que os obriguem a devolver o dinheiro roubado e endureçam o Código Penal com procedimentso judiciais mais rápidos e com castigos exemplares para eles. Que ponha couto a eses salários desorbitados para deputados, conselheiros, concelheiros, altos cargos, et cétera, que ultrapassam os 7 mil euros mês. Que ponha couto a que os políticos incrementem o próprio salário na percentagem que lhes pete (sempre por unanimidade, claro, e no início da legislatura).

Que ponha couto às injustiças e as desigualdades que, eles mesmos promovem legislatura após legislatura, pois nom tem sentido que incrementem até 38 anos a cotizaçom para receber umha pensom e aos deputados lhes chegue só com sete anos, que aos membros do governo, para cobrarem a pensom máxima, só necessitem jurar o cargo.

Temos razons a mais para nos indignarmos; porém, continuamos a viver como se nada, como se todo isto nom fosse connosco. Todas estas medidas som injustas, repercutem negativamente na nossa vida, som inaceitáveis, som motivos mais que suficientes para nos rebelarmos e luitar.

A pior das atitudes é a indeferença, dizer "nom podo fazer nada, já me irei safando". Ao comportarmo-nos assim, perdemos um dos elementos essenciais que conforma o ser humano, um das suas componentes indispensáveis: a capacidade de se rebelar e de luitar por umha sociedade melhor e mais justa.

Quando algo nos remexe as tripas, como a mim me indignam as medidas restritivas e as reformas do governo, tornamo-nos militantes fortes e comprometidos. Nom podemos permitir que o governo siga espremendo-nos como limons. De facto, constatar esta realidade já deveria levar-nos ao compromisso de luitar conseqüentemente polos nossos direitos.

Se observarmos, se olharmos ao nosso arredor, todas e todos temos razons suficientes para nos rebelarmos e luitar. E quando luitamos por algo que é justo e necessário, parecemos outros, mais alegres e felizes, porque quer dizer que dentro de nós ainda há algo vivo, ainda há esperança e determinaçom.

Telmo Varela

Prisom de Topas, Salamanca, 1 de janeiro de 2012