sábado, 10 de dezembro de 2011

Para onde vamos?

Telmo Varela

O desemprego na nossa oprimida Galiza incrementou de forma alarmante, no ano 2010 fôrom 20.000 desempregadas e desempregados mais que o ano anterior.

Este ano que entramos, com todas as reformas em marcha e com todos os planos de ajustamento do novo governo de Marianito, prevê-se um maior incremento do desemprego e um pioramento das nossas condiçons de vida.

Os salários som cada vez mais baixos, porque os empresários se aproveitam da crise para conseguir maiores lucros, imponhem salários reduzidos e precarizam as condiçons de trabalho. Menos salários, menos investimentos e mais lucros.

Como lhes parecem poucos cortes, poucos apertos de porca, anunciam mais, para suprimir, sem mais nem menos, a negociaçom coletiva, o direito a greve, o direito a opinar e organizar-se, a erguer a cabeça, para tornar mais chao o caminho do patronato.

Todas as reformas e todos os ajustamentos fôrom e vam encaminhados a facilitar melhores condiçons ao patronato, enquanto os que produzimos riqueza apertamos o cinto mais e mais.

É indubitável que estas novas reformas e novos ajustamentos, do novo governo, suporám um novo ataque aos nossos direitos, entre eles a negociaçom coletiva, ao quadro próprio das nossas negociaçons: suprimirá, limitará ou condicionará os nossos convénios. Querem centralizar em Madrid as negociaçons coletivas porque contam com o servilismo de CCOO e UGT que assinam todo quanto lhe botem. Os sindicatos nacionalistas deverám redobrar esforços para fazer frente a este novo despropósito.

Chegou o momento de luitar a favor de um modelo social que tenha em conta as necessidades da classe obreira, modelo baseado numha distribuiçom mais equitativa da riqueza, o qual só pode ser o socialismo. Frente a um patronato que quer impor as suas regras de jogo para ganhar, sempre para ganhar, considero que as greves e as mobilizaçons devem ser os instrumentos para ir avançando na conquista dos nossos direitos.

Porém, som as greves e as manifestaçons, em definitivo, e no fragor da luita onde a classe obreira toma consciência e saem os melhores lideres naturais do movimento obreiro. Quando há luita, a classe obreira organiza-se e forma-se e, ao mesmo tempo, acumula forças para melhorar a correlaçom de forças e, posteriormente, confrontar-nos ao patronato em melhores condiçons.

Perante um patronato totalmente crescido que quer aproveitar o contexto de crise para introduzir retrocessos nos direitos atingidos durante os últimos anos, a negociaçom coletiva deve seguir sendo um instrumento para impedir que fagam o que pretendem e nos cortem ainda mais os nossos direitos.

O governo imperialista espanhol, desde o momento mesmo da sua investidura, tomou balanço nos cortes dos nossos direitos que vai ser difícil frear. Baixou os salários dos funcionários públicos, quer impor as reformas laborais por decretaço, o copagamento na sanidade, fomentar o ensino privado em detrimento do público, todo isso, afirmam, para afrontar a crise que os bancos gerárom, a casta política e os especuladores bolsistas, e que agora fam que a paguemos os que menos culpa temos.

Porém, este governo servil lacaio dos monopólios, nom vai a fazer nada, absolutamente nada, para combater a fraude fiscal, que no Estado espanhol se situa a volta de 23% do PIB (10 pontos por cima da média europeia) e pola qual se perdem milhares de milhons de euros. Fraude que repercute em mais e maiores impostos para os de sempre, as trabalhadoras e trabalhadores.

Nom vam fazer nada para que a Banca devolva ao erário público os milhares de milhons de euros que o anterior governo entregou de todas e todos nós para aumentar ainda mais os lucros dos seus acionistas e diretivos; em vez de facilitar o crédito às famílias e às empresas, erradicar as comissons polos serviços bancários e que deixem de cobrar aos clientes mais humildes 30€ cada vez que a sua minguada conta fique sem saldo.

Cousa que acontece cada primeiro de mês, quando lhe cargam as faturas da compra, comunidade, telefonia, hipotecas, et cétera, e ainda nom nos pagárom a nómina.

Que ponha couto aos políticos corruptos, que os obriguem a devolver o dinheiro roubado e endureçam o Código Penal com procedimentso judiciais mais rápidos e com castigos exemplares para eles. Que ponha couto a eses salários desorbitados para deputados, conselheiros, concelheiros, altos cargos, et cétera, que ultrapassam os 7 mil euros mês. Que ponha couto a que os políticos incrementem o próprio salário na percentagem que lhes pete (sempre por unanimidade, claro, e no início da legislatura).

Que ponha couto às injustiças e as desigualdades que, eles mesmos promovem legislatura após legislatura, pois nom tem sentido que incrementem até 38 anos a cotizaçom para receber umha pensom e aos deputados lhes chegue só com sete anos, que aos membros do governo, para cobrarem a pensom máxima, só necessitem jurar o cargo.

Temos razons a mais para nos indignarmos; porém, continuamos a viver como se nada, como se todo isto nom fosse connosco. Todas estas medidas som injustas, repercutem negativamente na nossa vida, som inaceitáveis, som motivos mais que suficientes para nos rebelarmos e luitar.

A pior das atitudes é a indeferença, dizer "nom podo fazer nada, já me irei safando". Ao comportarmo-nos assim, perdemos um dos elementos essenciais que conforma o ser humano, um das suas componentes indispensáveis: a capacidade de se rebelar e de luitar por umha sociedade melhor e mais justa.

Quando algo nos remexe as tripas, como a mim me indignam as medidas restritivas e as reformas do governo, tornamo-nos militantes fortes e comprometidos. Nom podemos permitir que o governo siga espremendo-nos como limons. De facto, constatar esta realidade já deveria levar-nos ao compromisso de luitar conseqüentemente polos nossos direitos.

Se observarmos, se olharmos ao nosso arredor, todas e todos temos razons suficientes para nos rebelarmos e luitar. E quando luitamos por algo que é justo e necessário, parecemos outros, mais alegres e felizes, porque quer dizer que dentro de nós ainda há algo vivo, ainda há esperança e determinaçom.

Telmo Varela

Prisom de Topas, Salamanca, 1 de janeiro de 2012

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