quarta-feira, 20 de abril de 2011

Telmo e Miguel enviam carta à classe trabalhadora galega

Os camaradas Telmo Varela e Miguel Nicolás redigírom umha carta "À opiniom pública" na que "dam a sua versom dos factos" da sua detençom e posterior prisom. Nom só a reproduzimos integramente, apelamos a que se difunda por todos os meios possíveis. Na missiva Telmo e Miguel denunciam a criminalizaçom que vemhem padecendo após terem sido detidos e encarcerados na Lama e Xixón.

Também reproduzimos umha reflexom de Telmo sobre a necessidade de incorporar ao programa da classse obreira a luita pola independência nacional da Galiza.

À opiniom pública 
Miguel Nicolas e Telmo Varela 
Nós, os explorados e oprimidos, nom dispomos dos meios que tenhem as classes poderosas, entre outras cousas, porque elas detenhem o poder. Mas temos o direito e o dever de dar a nossa versom dos factos, ainda que nom tenha a difusom da deles.
Há quem acredite que a libertaçom do proletariado se defende com as armas espirituais, apesar de ser atacado com armas materiais cada vez que reivindica algum direito; as aspiraçons do proletariado nom som só algo espiritual, mas também algo material, polo que deve ser defendidas com armas materiais.
A oligarquia bem sabe que o sistema económico atual sobre, o qual se sustentam os seus privilégios, tem data de caducidade, que a classe obreira consciente é o autêntico inimigo do capitalismo, e que após se libertar da sua ditadura burguesa só pode avançar para um sistema justo e igualitário, para o socialismo real. Por tal motivio, apetrecham-se até os dentes derrochando ingentes somas de dinheiro em difamar e caluniar o proletariado, em criar um sindicalismo pactista e traidor com que controlá-lo e manietá-lo, em querer apresentar o preto branco, empenhando-se umha e outra vez em mostrar os realmente violentos como os defensores dumha democracia e dumha paz social com que submetê-lo, e os defensores da justiça social, do fim da exploraçom, na procura de umha sociedade mais avançada, como os violentos, os radicais, etc, etc, etc.
Sempre que a classe obreira se dispujo a organizar-se em autênticas organizaçons de classe, foi brutalmente reprimida e atacada sem piedade pola burguesia. Na Galiza, este fenómeno repete-se nos dias de hoje, quem viveu a greve geral do 27 de janeiro, sabe de que é que estamos a falar. Vigo estava literalmente tomada pola polícia, mediante mercenários fardados e à paisana ao serviço do capital.
Agora, um punhado de obreiros organizamo-nos arredor de um sindicato galego e de classe, a CUT, e isso nom podem permiti-lo, pois a CUT combate e luita pola libertaçom nacional e de classe, e sobretodo, organiza a classe obreira para que por ela própria, decida em assembleias democráticas e participativas o quê fazer em cada momento.
Isto é o que fai tremer a burguesia, o que quer evitar a qualquer custo e para isso organiza e ordena detençons de trabalhadores, para através da repressom descabeçar e criminalizar o movimento obreiro.
Há três meses detivérom Miguel Nicolás (obreiro do naval), no dia 9 de março detivérom Telmo e Iussa, também do naval, todos eles acusados de uns estragos no escritório do INEM de Coia. Olhai!, há que parar-se nas coincidências:
Três obreiros do naval viguês; os três afiliados de um sindicato combativo e de classe; e os três acusados de um incêndio ao INEM. Este facto é tam grave como para ter a três trabalhadores presos? Um deles já leva mais de três meses na cadeia.
Pois ao parecer, para o sistema é bastante mais grave atear lume a duas cadeiras e a um computador que matar duas pessoas. Pois os obreiros acusados de queimar duas cadeiras e um computador de um INEM estamos presos, enquanto os quatro "sindicalistas" que estivérom a ponto de assassinar dous porteiros de um clube de alterne está livres, nem sequer pissárom a cadeia, mas claro, os primeiros som "perigosos", obreiros dedicados à defesa da classe obreira que se empenham em questionar o sistema capitalista. E os segundos, som liberados sindicais de CCOO que, como todos sabemos, vendêrom as pensons, a reduçom dos salários, as prestaçons sociais e os trabalhadores, e que, além disso, nom só nom questionam o sistema capitalista, como todo o seu afám e esforço está em sustentá-lo para que nom se desmorone. Essa, e só essa, é a diferença para o tratamento de uns e de outros.
Lendo as notícias que saírom nos mass-media, sobre ambos os casos, fica ainda mais claro o que aqui tentamos dizer-vos. Nom vamos tentar desmontar todo quanto dixérom sobre explosivos, etc, etc, primeiro teríamos que ver esses explosivos. Que saibamos, os explosivos nom estám à venda ao público nem os pode manipular qualquer pessoa. Tampouco vamos dar aulas aos profissionais da "informaçom", nós modestos obreiros, mas sim podemos dizer que sabemos distinguir entre branco e preto, entre o que é justo e injusto. E cada qual com a sua consciência.
Por último, só queremos dizer que a exploraçom só pode ser combatida mediante o combate contra o sistema capitalista, a única maneira de sair desta crise é mudar o sistema económico que nos levou a ela, nom nos deixemos amedrontar nem desmobilizar; a maior repressom, maior resposta, a lacra do desemprego continua a expandir-se e todo "pacto social" só nos garante um futuro de miséria. Nom nos deixemos embaucar polo falso palavreado, só com o socialismo nos libertaremos das cadeias da exploraçom capitalista, nom há outra.
Somos reféns do sistema capitalista.

Soberania para a Galiza 
Telmo Varela 
A independência da Galiza é necessária e é, ao mesmo tempo, impensável se nom se modificar radicalmente o pensamento da maioria dos galegos e galegas. Para tal, temos que mudar, primeiro, a conceçom e a prática minifundista das organizaçons e coletivos independentistas.
O imperialismo espanhol está a ganhar terreno no nosso país, essa é umha realidade que ninguém pode negar. Está a colonizar-nos cultural e politicamente como nos melhores tempos do franquismo; está a conseguir que os galegos e as galegas nom sintam a Galiza como o seu verdadeiro país. O nosso idioma está-se a perder, as novas geraçons nom o praticam, e o mesmo sucede com os nossos costumes e com a nossa cultura. Entretanto, as organizaçons patrióticas andam à liorta entre elas, em lugar de juntarem forças e vontades contra o inimigo comum; dá a impressom que vivemos de costas ao nosso povo, que nom vivemos os seus problemas e as suas aspiraçons. É importantíssimo que reflexionemos, que deixemos de lado as desavenças particulares para todos juntos construirmos um futuro esperançoso. Nom é suficiente com se proclamar os autênticos e genuínos independentistas, há que sê-lo e a forma de mostrá-lo é que os interesses do povo galego estejam por cima dos interesses particulares e de grupo. O povo (trabalhadores/as, estudantes, mocidade, mulheres, intelectuais...) está confuso e desorientado com tanta sopa de siglas. A independência vai ser fruto dum progressivo e decisivo entendimento de TODAS as forças nacionalistas conseqüentes. Nom há outra. Sem esta premissa nom há futuro, condenamos o país de por vida, às cadeias do imperialismo espanhol.
Agora mais que do nunca, é necessária a independência para o progresso e o desenvolvimento do nosso país, caso contrário, vamos sentir em toda a sua crueza as conseqüências da crise capitalista. Em tempos de crise, como o atual, o poder central descarrega os seus efeitos sobre as naçons assovalhadas. De facto, já estamos a padecer as suas conseqüência: 250.000 desempregados, a indústria está abaixo de mínimos, o agro abandonado à sua sorte e da pesca melhor já nom falar; nom investem praticamente nada na nossa terra.
Se nom lhe pugermos remédio, vamo-lo passar muito mal. E nom é justo, pois o nosso país é rico avondo, é autossuficiente, tem gadaria, agricultura, riqueza pesqueira, indústria com umha potencialidade incrível; a indústria naval ou automobilística é das mais ponteiras a nível mundial, conta com umha mao de obra das mais qualificadas. O mesmo podemos dizer do setor têxtil ou conserveiro; porém, estamos na última posiçom, pola nossa dependência de Espanha. Espanha é a ruína da Galiza.

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