segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Telmo Varela presente no Festival de Poesia do Condado



Novamente a liberdade do camarada Telmo Varela estivo presente no recinto das muralhas de Salvaterra, 1 de setembro, coincidindo com XXVI ediçom do Festival da Poesia do Condado.
Nesta ocasiom o preso político galego redigiu o limiar do livro de poemas editado pola SCD, que reproduzimos integramente.

Limiar
Com Franco a legenda era "Todo por la patria", agora com a instauraçom bourbonica a legenda passa a ser " ¡Todo por la deuda!". A direita máis rançosa pretende pagar umha dívida, na sua maior parte privada, a través de fundos públicos obtidos graças a impostos sobre a populaçom e cortes em sanidade, ensino, e ajudas sociais. Mais umha vez privatizam ganhos e socializam perdas, só que desta vez ao selvagem, pondo em perigo a sobrevivência, a saúde e a educaçom de milhares de pessoas.
A frase da deputada popular "que se jodan" deixa bem às claras as intençons da oligarquia e os seus peons. Já nos estam a foder bem!. Os fascistas tenme-no claro, o seu objetivo e foder @s trabalhador@s, e sim, é necessário o máximo possível se isso vai manter os seus interesses de classe e os seus privilégios e estátus social interminável. Realmente deveriamos de aprender algo de eles e amargar-lhe a existência, fodê-los tanto como eles a nós, dar-lhes um bocado da sua própria medicina, para que nom sigam a viver tranqüilos nos seus sofás enquanto nós estamos a sofrer as nefastas conseqüências da sua crise. Umha voz nom se ouve, mas muitas sim.
A burguesia tem instrumentos de abondo como para minimizar ou reduzir muito o alcanço das reformas laborais e os cortes, ao ser proprietária dos meios de (des)informaçom, das imprensas, do papel, dos bancos, universidades, etc. Pode apresentar os cortes e as reformas como algo necessário e favorável para o conjunto da populaçom; pode boicotar ou simplesmente impedir que se debatam determindas qüestons, ao "eliminá-las” das preocupaços das massas alienadas. Esta censura real, esmagadora e maciça, é reforçada polo trabalho da casta inteletual, bem paga, experta em sujá-lo todo, em inverter as causas polos efeitos, em impedir a crítica radical e em atopar falsos culpáveis. Normalmente sempre somos os mesmos, os que menos culpa temos.
Sabem muito bem que a melhor política é fazer acreditar às massas que som livres. Napoleom ja dizia que "tarde ou cedo as pessoas reprimidas terminam sublevando-se se nom som convenientemente enganadas, subornadas, divididas e enfrontadas entre elas."
Esse é o trabalho do Estado, e para isso conta com um forte aparelho propagandístico. E se este nom for suficiente contam com um grande e desproporcionado aparelho repressivo. Toda a repressom existente é em funçom dumha opressom, exploraçom, e dominaçom que há que assegurar, fortalecer e perpetuar.
Estes som os "argumentos" ou "razons" polas que a clase obreira nom participa nas mobilizaçons nem na defesa dos seus direitos e interesses de classe como devera. Há que seguir a bater no ferro até moldeá-lo!
Devemos ser conscientes de que nom só nos vam roubar direitos básicos dumha sociedade de bem-estar. Será o primeiro, porque ao ritmo que vamos, sem tardar muito, passaremos fame, muita fame. Há problemas mui graves como o desmantelamento da saúde e o ensino público, os cortes do governo som clamorosos e nom estamos a fazer o suficiente para os evitar. Todas juntas devemos berrar " Já chegou!!". Já chegou de fazer mal as cousas e que nom aconteça nada. Já chegou de que sempre sejamos @s mesm@s quem tenhamos que pôr da nossa parte. Já chegou de promessas incumpridas. Já chegou de pensar que nom somos quem de olhar o que está a passar.
Ouvir na rádio, na tv ou ler nos jornais parece umha maldiçom, nom há um só dia que nom anunciem cortes dos nossos direitos e serviços básicos. Apertam a soga ao povo trabalhador para facilitar-lhe maiores lucros aos mercados, aos banqueiros, aos grandes monopólios e aos especuladores e estafadores de sempre.
Este episódio repete-se desde o ano 2008, em que a crise gerada por eles mesmos irrompeu com toda a sua crueza e realidade nas nossas vidas, mas desde que o PP se situa à frente do governo o cavalo desvocou-se e nom há maneira de freá-lo. Nom há sexta-feira  que nos Conselhos de Ministos nom aprovem cortes, reformas laborais financeiras... Nengum governo em tam pouco tempo fijo mais que o governo de Rajói para amargar-nos a existência, a situaçom começa a ser realmente crítica.
Na Galiza estamos a viver os piores momentos desde que entrou em vigor o euro. Para além dos cortes e supressom dos nossos direitos nacionais nom investem na promoçom da nossa língua; a nossa cultura e costumes som esquecidas e pisoteiadas pola Junta e polo Governo espanhol.
Repetem umha e outra vez que tod@s temos que ser responsáveis perante a crise e contribuir com sacrifícios e esforços para superar esta difícil situaçom. É umha grande mentira como todas as mentiras que nos venhem contando desde muitíssimos anos. As reformas laborais e os cortes vam numha única direçom, vam encaminhados a afogar as massas populares na penúria e a miséria para que os capitalistas sigam com o mesmo ganho ou mais. Cando dim que tod@s temos que apertar o cinto, refirem-se às classes populares. Essa é a realidade, outra cousa é querer que comunguemos com rodas de muinho.
Em relaçom com o que nos ocupa, as perguntas som: porque @s trabalhador@s temos que pagar as dívidas dos bancos e empresas? Essa dívida é legítima? Porque nom converter o grande negócio financeiro privado numha grande banca pública ao serviço do conjunto do povo trabalhador galego? Já é hora de mudar o terço. A ofensiva do capital é tam selvagem e drástica que nom dá lugar para negociaçons e componendas entre burocracias políticas, patronais e sindicais. Agora trata-se de luitar para que o custo da crise a paguem os seus responsáveis: banqueiros, especuladores de todo tipo e setores que buscárom o dinheiro agredindo os ecossistemas, gerando um consumismo dilapidador e sobreexplorador na mao de obra...
É a hora da revolta, da mobilizaçom permanente, das greves gerais. E também da insubmissom popular e institucional.

"A poesia vale
se a minha língua te leva a cama
se encende umha chama e chama
à luita e ao combate
se reanima um coraçom que nom late
esperta consciências e desaliena
se sementa amor e ternura..."
Abraám A.P.

Hoje em dia práticamente toda a cultura, toda a literatura e arte estám ao serviço da burguesia e estám subordinadas a sua política. Por tanto a cultura popular é umha poderosa arma nas maos d@s trabalhador@s, animando a participar na vida social e política ao mesmo tempo prepara as massas para tomar parte na revoluçom. A verdadeira literatura e a arte servem as grandes massas do povo, e em primeiro lugar à classe obreira. @s verdadeir@s inteletuais e artistas tenhem que mudar de posiçom, passar-se gradualmente ao lado do povo adentrando-se  e comprometendo-se com a sua luita. Est@s som @s inteletuais e artistas que precisamos. Só assim podemos criar umha cultura e um arte verdadeiramente ao serviço das classes populares, convertendo-as em arma poderosa para unir e educar ao povo e para desmascarar e atacar a ideologia do inimigo.
Um povo sem cultura é um povo ignorante, e um povo ignorante nom sabe como se enfrentar ao sistema capitalista para derrotá-lo política e ideologicamente. O inimigo sabe-o, daí que combata com tanto empenho a cultura e arte popular e gaste ingentes somas de dinheiro em promover e difundir a sua.
Acho que festivais como o Festival da Poesia do Condado tem muitíssima importáncia, porquanto significa promover a nossa cultura e literatura. Desde um cárcere de Castela, afastado da Terra, animo-vos a superar obstáculos e redobrar esforços para que, ano após ano, o Festival vaia avante.

Cárcere de Topas
Telmo Varela.

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