quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Líbia e os bombardeamentos da NATO

Telmo Varela

Falar da Líbia é um debate especialmente virulento no campo progressista, porque a maioria das vezes tendemos a simplificar os conflitos quando, por regra geral, som dumha complexidade estraordinária, deixando-nos levar, muitas vezes, pola opiniom maioritária dos meios de comunicaçom capitalistas.

Poucos sabemos que a Líbia, com Muamar el Gadafi ao fronte, tratou de consolidar a uniom árabe e africana. Umha das razons que se aduzem para justificar a agressom contra a Líbia é que estava a tentar criar umha espécie de moeda ou unidade de pagamento para toda a África, usando as suas grandes reservas de divisas e de ouro. Por este atrevimento, o regime foi difamado polos meios de comunicaçom imperialistas.

Todo o mundo sabe que houvo movimentos sociais mui importantes na Tunísia, Egito, Iemem, Barein... com centenas de mortos pola repressom governamental, mas nom há provas de que existisse umha movimentaçom social importante na Líbia prévia aos bombardeamentos da NATO. É mais que curioso que, tendo todos os sistemas informativos abertos, nom existam provas substanciais nem de manifestaçons nem dumha repressom contra essas manifestaçons.

Porque a NATO atacou a Líbia e nom o Egito ou o Iémen, onde houvo as manifestaçons mais potentes, com centenas de mortos?

Sabemos que um movimento social forte derroca o governo por si mesmo, nom necessita ajuda da NATO; é formado por umha liderança nova, nom como o Conselho Nacional de Transiçom, que é composto por velhos ministros de Gadafi, monárquicos idristas (e nom se vê nengum movimento popular no mundo que seja integrado por defensores da monarquia).

Quando a monarquia está acarom dos interesses populares? Um movimneto rebelde nom opera com tanques de guerra nem armamento de última tenologia. É sumamente estranho.

Se há um movimento social de esquerda na Líbia, deve estar a luitar contra as forças da NATO. Umha esquerda que aplauda a NATO e o seu objetivo de destruir um país petroleiro, tem tanto de esquerda como Sarkozy e Merkel. Parece um disparate, algo insustentável.

As organziaçons realmente de esquerda, desde um princípio, mostrárom a solidariedade com os movimentos democráticos da Tunísia, Egito, et cétera, e denunciárom a intervençom da NATO e das potências imperialistas europeias e dos EUA na Líbia.

As pessoas de esquerda condenamos a invasom da NATO e sempre proclamamos que as soluçons dos problemas internos da Líbia correspondem só e exclusivamente à Líbia, de acordo com a Carta das Naçons Unidas. Fôrom tantas as invasons estrangeiras em países soberanos, que vemos com desconfiança todas as ingerências. Neste caso, num país como este, que tinha adotado diversas medidas de afiançamento da soberania e de melhorias da populaçom. Que umha parte da "esquerda" europeia confunda umha invasom estrangeiras com um movimento social obedece a que... quanto há que nom fai umha revoluçom?

Quem combatia a NATO na Líbia? Kadafi, sem lugar a dúvidas. Nom concebo ninguém de esquerda na Líbia que nom estivesse a combater contra os massacres da NATO. Nem no mundo árabe, nem islámico, nem no mundo em geral. Haveria que mostrar que o levantamento popular existiu. E se fosse assim, deveria luitar contra a NATO. Todas as intervençons estrangeiras nos movimentos nacionais fôrom sempre nocivas.

As pessoas de esquerda sentimo-nos mui surpreendidas e estranhadas quando escuitamos que umha potência imperialista luita desinteressadamente pola democracia. Sobretodo quando tem todos os visos de umha guerra de rapina.

Já se publicou que Sarkozy reserva para França 35% do petróleo da Líbia; houvo umha repartiçom entre as potências agressoras numha conferência internacional, entre Merkel, Cameron, Sarkozy e Berlusconi. Honestamente alguém acredita que Berlusconi, Merkel ou Cameron sejam dirigentes de um movimento popular?

Seguramente a única soluçom prévia para evitar a invasom era que a Líbia entregasse de graça o petróleo aos países da NATO.

A NATO nom está detrás da democracia, mas do petróleo, das matérias primas e das riquezas dos países agredidos. Se estivesse a favor da democracia, bombardearia a própria ONU que é a instituiçom mais antidemocrática que um pode imaginar.

O nível de vida do povo líbio com Kadafi era o mais alto do continente africano. Veremos que lhe deparam a partir de agora, sob mandato dos fantoches de Ocidente.

Prisom de Topas, Salamanca, 10 de dezembro de 2011

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