Caros companheiros de Freire:
Hoje, tal como no ano
72, a luita é só a luita manterá vivos os direitos que durante muitos anos
conseguimos a classe obreira.
Tal como no ano 72, devemos promover métodos de luita
independentes, de resistência aos planos de exploraçom e denúncia das manobras
do governo, e aos pactos e traiçons dos sindicatos.
Devemos promover
assembleias e a eleiçom por elas de comissons de delegados que negociem com o
patronato em nome de todos.
As greves,
manifestaçons maciças nas ruas, formaçom de piquetes de proteçom, desobediência
civil, etc, som armas poderosas que ao longo da história do movimento obreiro
demonstrárom a sua eficácia nas maos do proletariado e, portanto, devemos
promovê-las em todas as partes.
Falando dos
sindicatos. Que sindicatos som esses que exploram os trabalhadores e quando nom
lhes valem despedem-nos? CCOO despediu 20 trabalhadores/as acolhendo-se os
benefícios que a nova reforma laboral do PP lhe outorga aos empresários para
despedir mais barato. Também CIG e UGT estám despedindo empregados.
As trabalhadoras/es de
CCOO iniciárom umha greve indefinida despois de que os seus chefes (o patronato
CCOO) lhes ofertárom umha indenizaçom de 20 dias por ano trabalhado, quer
dizer, aplicando a reforma laboral do PP como qualquer capitalista.
Leio estas notícias e
nom dou crédito ao que acabo de ler. Despedimento de maes e pais de família
polos sindicatos. Olhemos, sindicatos “obreiros” que despedem obreiros. Como se
explica isto?, nom acabo de o entender.
Os sindicatos nom som
os que defendem as trabalhadoras e trabalhadores (ou deveriam defendê-los)?
Entom, como é que os
despedem e lhes aplicam a reforma laboral que dim combater? Nom o entendo!
Nom será que os velhos
sindicatos já há tempo se tranformárom em empresas capitalistas? Empresas
importantes polo número de trabalhadoras e trabalhadores contratados. Criticam
as reformas laborais de Rajói e, à hora da verdade, aplicam-na no seu benefício
como qualquer capitalista.
Já passárom 40 anos daquele Setembro Vermelho do ano 72,
mas a situaçom pouco mudou. Os sindicatos “obreiros”
reconvertêrom-se em Sindicatos Verticais. Os empresários tenhem mais sede de
exprimir-nos para obter maiores lucros. Os antidistúrbios
(agora de azul) dissolvem as manifestaçons e concentraçons com mais sanha e
contundência que os “grises”. Em
essência, nada mudou e se algo mudou foi para pior.
Aproveitando-se da
crise apertam-nos o cinto cada vez mais, mas que casualidade, as medidas que
adotam sempre prejudicam os mais fracos e beneficiam os mesmos de sempre, os
grandes capitalistas. Fam cortes nos salários mais baixos, mas para executivos,
gerentes, etc sobem-nos em centenas de milhares de euros.
Aos políticos (polo
menos os que vam de esquerda) deveria dar-lhes vergonha rebaixar o salário aos
mil euristas enquanto eles ganham 100 mil ou mais euros por ano; ou rebaixar as
prestaçons a desempregad@s, reformad@s, etc.
Para dar exemplo, que
comecem por eles mesmos, que tenhem grandes salários, carros de alta gama,
várias vivendas, iates, etc, dando-se a grande vida à custa do nosso suor.
Com as milionárias
jubilaçons dos executivos da banca, com os salários vitalícios dos ex-ministros
e ex-deputados nom se metem! Só atacam os trabalhadores e trabalhadoras que
vivemos de um salário mínimo, que nom dá para chegar a fim de mês. Mas claro,
isto nom lhes interessa porque saem prejudicados eles mesmos, e ninguém atira
pedras contra o seu próprio telhado.
Companheiros, agora convocam-nos a umha nova farsa
eleitoral. Sabedes que vos digo: “cada candidato que se vote a si mesmo”, que
nom levem nengum voto do povo, nem um só.
Todos os direitos que
tínhamos conseguido em muitos anos de luita como as luitas dos anos 72, 74, 76,
estamo-los perdendo nuns poucos meses. Durante anos, à classe obreira ninguém
lhe deu nada, todas as melhorias e os direitos fôrom conquistados mediante a
luita.
É a luita a que
mantivo vivos esses direitos e, agora que nos estám roubando, é com a luita
como os recuperaremos.
Passárom muitíssimos
anos mas lembro daquelas luitas em que a assembleia era o método mais eficaz
para que os funcionários do Sindicato Vertical se fossem com o rabo entre as
pernas.
Voltemos a empregar
aqueles mecanismos e recuperemos aquele espírito de luita.
Sem lugar a dúvida, a
soberania económica e política apresenta-se como umha necessidade urgente e
imperante para avançarmos nas nossas reivindicaçons que som justas, legítimas e
que favorecem a imensa maioria do povo.
Nom podemos seguir
vivendo como a Madrid e Bruxelas lhes pete!
Cárcere de Topas,
Salamanca (Espanha), outubro de 2012